Desde o início do século 19, a antiga floresta mista faia/ carvalho, foi convertida para o tipo de floresta abeto, como a domina hoje a paisagem na Alemanha Central. Homólogos abetos em grau e fila utilizados em área ampla por corte raso (ou tempestades) e reflorestada de monocultura, intercaladas com árvores de folha caduca individuais, mordidas por animais selvagens. Nos últimos 20 anos a imagem da floresta mudou tão radicalmente que os meus testadores – se eles ainda estavam vivos – não iriam acreditar em seus olhos.
O que aconteceu?
Dois desenvolvimentos se encontraram. À primeira vista, as consequências desastrosas de "calamidades" saltam para fora: quedas provados por nevões, quedas provocadas pelo vento, seca e poluição atmosférica, deixaram populações florestais rasgadas, coroas desbastadas e grandes áreas abertas. Desde o encontro com as tempestades "Wiebke", "Lothar" e "Kyrill" o sonho da criança pela floresta antiga, o remurejar escuro acabou. O despertar foi para mim mais do que decepcionante.
No entanto à segunda vista, sinais de esperança de um novo tipo de tratamento nas áreas florestais já são visíveis: a sucessão natural nos espaços abertos é permitida, a proteção das cercas de encontro com veados é desmontada, os estoques dizimados são sustentados com faias jovens, toda a área é o lar de uma diversificada mistura de árvores ricas em espécies e vegetação sub-bosque. O plantio retorna à floresta.
Nós, pessoas florestais chamamos a essa reorientação ecológica "manejo florestal conforme a natureza ". Em contraste com a indústria florestal, que vê a floresta como uma espécie de fábrica de madeira, é sua missão a "proximidade à natureza". Como o nome sugere, o processo visa uma abordagem para o desenvolvimento natural, como acontecia sem a maciça intervenção humana. O objetivo é ainda, no entanto, a economia: nem retorno à selva, nem dominação da natureza, mas um manter a casa inteligente em harmonia com a natureza- protecção, manutenção e utilização em um.
O que fiquei sabendo nesses 35 anos da reviravolta e tenho aprendido?
Lição 1: A floresta não é uma lavoura de madeira
Floresta deve ser vista de forma diferente do que fui ensinado – não como uma coleção de árvores para fins de produção de madeira, mas como um ecossistema permanente, complexo e dinâmico, que responde elasticamente a transtornos caóticos e adquiriu no curso da sua evolução um alto grau de funcionalidade. É assombroso e exige veneração, como este sistema se auto-organiza, sempre regulado e constantemente renovado. A empatia com a floresta, como um organismo vivo, deixa-o aparecer como um tipo de poder económico diferente, cujas astúcias secretas podiam, assim dizer, serem espreitadas para imitá-las, copiar e as tornar aproveitáveis. Mas para isso tem-se que desaprender, de conceber a floresta como um recurso natural disponível, que nós, seres humanos, através dos nossos exclusivos critérios e normas conseguimos, podemos ou mesmo devemos construir, configurar e explorar.
Lição 2: A gerência florestal ecológica é económica.
A gestão florestal conforme a natureza é um exemplo clássico, de que vale a pena trabalhar junto com a natureza em vez de contra ela. Se os processos naturais que ocorrem nos ecossistemas florestais são cuidadosamente controlados e usados, poderá a intervenção humana ser reduzida a um mínimo absoluto. Portanto são na economia florestal natural omitidas grande parte das despesas financeiras, humanas e materiais, que eram na gerência florestal convencional, afastadas da natureza e anteriormente necessárias. Porque o alvo operacional agora são árvores individuais grossas, valiosas que podem ser cortadas e vendidas de acordo com as condições e exigências do mercado, a situação em ganhos melhora a longo prazo. Ao mesmo tempo, o risco operacional desce: o cultivo natural da floresta mista é comprovadamente mais estável e resiliente ao longo das “calamidades” do que silvicultura tradicional uniforme. Uma exploração não ecológica é cara e arriscada. Se não tivesse virado o leme atempadamente, o meu empreendimento florestal hoje, provavelmente estaria acabar.
Lição 3: Devemos repensar
A reorientação ecológica requer uma mudança fundamental na compreensão humana da natureza e, portanto, também a auto-compreensão. A mudança no setor florestal não é possível sem uma mudança nas mentes. Leva o seu tempo. Primeiro tinha que repensar como proprietário, em seguida, os gerentes distritais teriam de ser convencidos a abandonar padrões de pensamento e comportamentos ultrapassados, finalmente, a implementação precisa de ser gradualmente testada e melhorada. Tudo isso não tinha de ser mudado apenas na floresta, mas também em nós. Aparentemente, o outro lidar com a natureza está entrelaçado com relações humanas diferentes. Conforme a floresta é mais diversificada e mais vital do que antes, meus parceiros e eu tornamo-nos mais empenhados e criativos. As estruturas hierárquicas antigas foram dissolvidas e, assim, libertadas novas inimagináveis forças de criatividade. Nos seres humanos como na floresta. Como nós na floresta, a floresta dentro de nós.
Vivemos com e na natureza. Na verdade, somos natureza tornada ser humano. Da mesma forma que a floresta é parte do ecossistema global, assim somos nós também. Nunca antes foi tão claro como agora que o clima global é alterado pela intervenção humana e as consequências atingem a floresta, bem como os seres humanos. Ambos precisamos para a nossa vida do mesmo espaço e os mesmos elementos naturais – terra, água, ar e sol.
Nesta parceria são floresta e os seres humanos sócios no pé de igualdade. Não é para nós reivindicar a supremacia e explorar os recursos naturais para o nosso benefício exclusivo. Além disso, é imponderado: que, assim, destruirmos a subsistência não só dos animais e da flora, mas também a nossa própria. Exatamente isso está acontecer hoje.
Visto assim, o problema ambiental é um problema humano. Nós precisamos da natureza, a natureza não precisa de nós. O problema é a relação conturbada do homem à natureza e em primeiro lugar para si mesmo. As mudanças que causamos na natureza externa, afeta a nós próprios. Estamos a sentir cada vez mais no próprio corpo e no nosso estado mais íntimo. A questão de como queremos viver no meio ambiente e que ambiente que queremos ter, portanto, está intimamente ligada com a forma como nós o experimentamos sensualmente.
Esta é uma questão de percepção sensorial, não só das coisas, mas também todas as comoções, emoções e ideias, os gatilhos naturais em nós. A urbanização e globalização do mundo industrializado levou à alienação da sociedade da natureza. A experiência sensorial e a sensação para a importância social, ambiental e cultural do habitat da floresta perde-se progressivamente. Mas o grande desafio da humanidade no século 21 é ecológico e cultural: Um desenvolvimento sustentável em harmonia com a natureza. Em nenhum lugar pode a relação simbiótica entre o homem e a natureza ser percebido vividamente como na floresta. A floresta – nós na floresta e a floresta dentro de nós – é um dos últimos espaços de experiência, onde é isto concretamente em completa sensualidade possível. Este espaço deve ser explorado.
A floresta de gestão natural é para isso particularmente útil. Nem apenas porque a sua compreensão exige e promove um pensamento holístico, transversal e reticular. Nele também se mostra que o manuseio responsável do homem com a natureza é possível a longo prazo para ela e seu próprio benefício – mas só se ele respeitar as leis da floresta e ele se comportar de acordo com elas. A gestão de florestas conforme da natureza e seu paradigma de naturalidade é um modelo para a sustentabilidade: exemplos podem ser demonstrados aqui nas condições, procedimentos e efeitos do desenvolvimento sustentável, uma maneira econômica portanto que subsidia o contexto da vida e não destruí-lo.
O desenvolvimento real corre, bem conhecido, no sentido oposto: não é apenas insustentável, mas destrutivo. Isto também se aplica para a floresta. Como Robert Pogue Harrison em seu estudo importante "Forests – The Shadow of Civilization" de 1992 revelou, estes recuarão e a destruição das florestas é uma imagem espelhada do esquecimento natural da civilização ocidental. Florestas foram as primeiras vítimas de expansão global, hoje elas ainda são vítimas e continuarão a ser no futuro. Mas com a destruição mundial da floresta se perde mais do que apenas o maior ecossistema terrestre com sua riqueza de biodiversidade e habitats. Porque a floresta e as ideias e interpretações que as pessoas fizeram dela no curso de sua história, constituem uma parte integrante da cultura humana.
Assim, floresta, além de tudo, é também um reservatório insubstituível de memórias, sonhos, para mitos, para esperanças e para medos. Ela é, como o total-outro, o ponto de referência externo da nossa civilização, como que sua sombra. Nós iremos ser desterrados, quando esta sombra desaparecer.
Nota: Hermann Graf Hatzfeldt é um dos maiores proprietários particulares da floresta na Alemanha. Como um ambientalista convicto Hatzfeldt tomou desde 1978 numerosos cargos honorários nacionais e internacionais, que parcialmente exerce ainda hoje.
Traduzido de Bernardo Markowsky