Todo o começo é ingénuo e há magia em todos os começos. O iniciante fica atingido por este raio.
"O que", perguntou-me alguém recentemente, "é peciso para se dedicar ao trabalho ambiental"?
"A vontade", respondi, "que surge pela consciência da plena necessidade. Uma boa porção de persistência. E a dádiva para aprender."
Várias vezes me perguntaram se estudei biologia ou tais coisas ambientais. Já fui chamado "engenheiro" pelo costume social que alguém que está a liderar projetos de plantações e sementeiras tem de ser um doutor ou engenheiro. Não, não estudei em nenhuma universidade, estou ouvir bem que outros dizem, estou a estudar e fazer pesquisas todos os dias. "Mestre aprendiz" é o título que me agrade. É bom lembrar-se por vezes dos inícios ingénuos. Quando cheguei a Portugal há doze anos não sabia quase nada sobre a paisagem e a sua vegetação que passou á minha frente atrás da janele de comboio. A única coisa que percebi, porque era palpável nas longas horas da viagem pelo país, era que havia demasiado eucalipto. Além de bom cheiro parecia monótono. Por qual razão estes plantios enchem a paisagem e o que causam, não sabia nada disso.
Quando foi publicado no ano passado o meu ensaio A Rota do Eucalipto na revista alemã "Komune", meu amigo, o poeta Utz Rachowski ligou-me e disse: "Que excelente ensaio tu escreveste. Nos anos oitenta, quando viagei por Portugal em autocarro, o motorista quebrava um ramo dum eucalipto em cada paragem e mantinha-o em frente do nariz de cada passageiro para sentirmos o cheiro. E nós: 'Que bom, que maravílha! Qual riqueza vocês têm! Na Alemanha não há nada disto!' Só agora percebi do que se passa."
Sabemos que nem tudo o que é verde é bom. O pior de tudo é que, além de serem imensas as consequências nefastas, são geralmente irreversíveis. Após a sua instalação, são tremendas as dificuldades em parar a expansão ou erradicar estas espécies invasivas.
Lembro que cada um de nós pode ser parte do problema ou da solução. Resolvemos fazer parte da solução e com bolas de sementes começar a semear a nossa floresta nativa.