Cortar a madeira queimada e deitá-la em faixas laterais. Abrir mecanicamente com grades a terra queimada para deixar entrar no subsolo a água das chuvas. Tudo isso exige muito trabalho e investimento financeiro. Por isso mesmo optamos para efectuar sementeiras com gramíneas; azevém, centeio, aveia e tremocilha.
Ao mesmo tempo, independentemente de mim, surgiu a mesma ideia ao amigo local, Jorge Amorim, que teve a possibilidade em arranjar apoio financeiro duma empresa para comprar centenas de quilos de sementes.
A primeira sementeira foi feita por ele e sua mulher. A segunda pelos nossos jovens voluntários, Sérgio Manuel e Valter Luís, eu e o Jorge Amorim. A terceira e quarta pelo grupo de amigos da serra da aldeia de Santa Maria do Monte. A última por mim e Tiago Dagall no início desta semana, com o foco no lugar do desmoronamento, no estradão entre os Viveiros da Granja e o Merujal.
Quando soube das previsões duma forte chuvada neste domingo, dia da nossa plantação, fiquei com receio que todas as sementes fossem "lavadas" para o fundo da encosta.
Eu sou um sonhador prático e de noite imaginei o que devia ser feito: criar uma barreira de desvio de água. Na manhã seguinte serrei paus aguçados, levei a marreta, a foice, o serrote na minha mochila, peguei no machado e subi para a serra. Reparei que a água da chuva chegava da encosta por cima e que o carreiro estava inundado de terra e cinza. Comecei-o abrir. Quando o Eduardo Oliveira chegou, foi ele que acabou a tarefa. Cortamos troncos grandes de giesta, fixamos os paus e entrelaçamos ramos e material vegetal. Enfim, criamos uma borda com pedras.
Durante as seis horas de trabalho árduo ouvi constantemente o ruído das moto-serras e o bater dos troncos caídas. A serra era sujeita ao corte raso. Eu não podia reprimir a voz interior que me incomodou com o interrogativo: era este o objectivo desta série de incêndios? Os caminhões passavam cheios de troncos, o vale se enchia de fumo das queimadas dos restantes de abate. Porquê e porque ninguém toma conta e indica que este material lenhoso devia ser montado em faixas laterais?
Porquê e porque continua o pleno aproveitamento da catástrofe? Excepto o nosso trabalho no Baldio de Ameixieira não há nenhuma medida de combate da erosão pós-incêndio na Serra da Freita. Estou errado, vereadora Margarida Belém, vereador Marcelo Pinho, vereador Pedro Mouro, eng. florestal Manuel Rainha? Corrijam-me e informem-me, e irei divulgar as medidas tomadas ou planeadas com imenso prazer.
Resta-me uma sugestão à Associação Montis para o seu próximo "Passeio do fogo". Percorram o estradão entre os Viveiros de Granja e Merujal e comparem a situação no Baldio de Ameixieira com o Baldio vizinho de Souto Redondo, onde nada foi feito, antes e depois do fogo!
https://www.facebook.com/movimento.terra.queimada/media_set?set=a.1157568380978628&type=3
