No fim da plantação os estudantes do grupo V.O.U. partiram de autocarro, os restantes voluntári@os reuniram-se no café de Santa Maria de Monte para partilhar uns petiscos e conversações.
Na minha frente estava um casal de Santo Tirso. Foi o filho deles que os incentivou a vir a esta plantação. Olhei para ele que tinha um ar intelectual, os olhos atrás duns óculos rendondos faiscavam, mas ele mantinha-se calado, apenas acenou. Foi-me apresentado: “É o Miguel”. Ao seu lado estava um outro jovem. Lembrei-me que os tinha visto sempre juntos durante a plantação. “Teu irmão?” perguntei. “Não, é o meu amigo Francisco.” Este tinha uma expressão muito séria, sentado direito, olhando em frente. Miguel fez um sinal dando-me a entender que o seu amigo queria falar comigo. Virei-me para ele: “Bem, diz lá.”
“Eu gostaria de saber qual é o vosso conceito, a vossa ideia acerca do eucalipto.” Encostei-me na cadeira: “Ok, o que vocês acham? Ensinem-me.” Enquanto eles hesitavam, quem começará, pedi ao Miguel para avançar.
“Eu acho,” e ele olhou para seu amigo, “que o eucalipto prejudica a terra, exigindo muitos nutrientes, água e assim secando o solo, não deixa outras espécies se desenvolver à sua volta, não alimenta a fauna. Propaga os incêndios através das suas folhas que se transformam em fagulhas e dos grandes plantios da monocultura. Contudo é uma espécie preocupante, nem da nossa terra, uma invasora pouco considerável para a nossa floresta.”
“E tu, o que achas?” perguntei ao Francisco.
“Acho o eucalipto uma espécie importante para o país. Economicamente, mas não só. É a base, a matéria-prima para a indústria de papel, um produto que todos precisamos. Dá remuneração para os pequenos proprietários florestais e para os madeireiros, dá emprego para os trabalhadores nas fábricas desta indústria. Acho uma espécie sustentável, que está a ser replantada constantemente e os plantios de eucalipto são melhor tratados e cuidados, do que os matos incultos. Considerando uma espécie invasora que se propaga facilmente pelas suas sementes, é essencial que as maiores empresas que têm os meios, tratem os eucaliptais”